Nossa Força Espírito Santo ADMITINDO que pregamos somente a Palavra, que estamos cercados por uma igreja modelo, o que para nosso pesar não é sempre o caso; mas, admitindo que seja assim, a seguir, devemos considerar NOSSA FORÇA. Ela deve vir do ESPÍRITO DE DEUS. Cremos no Espírito Santo e em nossa absoluta dependência dele. Cremos, mas será que cremos na prática? Irmãos, em relação a nós mesmos e nosso trabalho será que cremos no Espírito Santo? Será que cremos por que temos o hábito de provar a verdade da doutrina? Precisamos depender do Espírito em nossa preparação. Será que isso é o que acontece com todos nós? Será que você tem o hábito de buscar o significado dos textos por meio da direção do Espírito Santo? Todo homem que vai à terra do conhecimento celestial precisa conquistar seu caminho para lá, mas precisa conquistá-lo pela força do Espírito Santo ou chegará a alguma ilha do mar da imaginação e nunca alcançará as terras sagradas da verdade. Você não conhece a verdade, meu irmão, por que leu Hodge's Outlines [Os esboços de Hodge], ou Fuller's Gospel worthy of all Acceptation [O evangelho de Fuller digno de toda aceitação] ou Owen on the Spirit [Owen no Espírito], ou qualquer outro clássico de nossa fé. Você não sabe a verdade, meu irmão, meramente por que você aceitou a Confissão de Westminster e a estudou toda. Não, nós nada sabemos até que o Espírito Santo nos ensine, pois ele sussurra em nosso coração, não em nossos ouvidos. Um fato maravilhoso é que nem ouvimos a voz de Jesus até que o Espírito repouse sobre nós. João diz: "No dia do Senhor achei-me no Espírito e ouvi por trás de mim uma voz forte" (Ap 1.10). Ele não ouviu aquela voz até que estivesse no Espírito. Quantas palavras celestiais deixamos de escutar porque não permanecemos no Espírito! Não podemos ter êxito em súplicas a não ser que o Espírito Santo ajude nossas enfermidades, porque a verdadeira oração é orar "no Espírito Santo" (Jd 1.20). O Espírito cria uma atmosfera em torno de cada oração viva, e ele vive e prevalece nesse ambiente; fora dele, a oração é uma formalidade morta. Quanto a nós mesmos, portanto, temos de depender do Espírito Santo em nosso estudo, em nossa oração, em nosso pensamento, em nossa palavra e em nossa ação. No púlpito, descansar real e verdadeiramente no auxílio do Espírito No púlpito descansamos real e verdadeiramente no auxílio do Espírito. Não censuro nenhum irmão por sua maneira de pregar, mas preciso confessar que me parece muito estranho quando um irmão ora para que o Espírito Santo possa ajudá-lo na pregação, e depois o vejo tirar um manuscrito do bolso, arrumado de tal modo que possa pô-lo no centro de sua Bíblia, e lê-lo sem que ninguém veja. Essa precaução para assegurar discrição dá a entender que o homem estava com um pouco de vergonha de ler o papel; mas eu acho que ele deveria ficar mais envergonhado de suas precauções. Ele espera que o Espírito de Deus o abençoe enquanto pratica um truque? E como Deus pode ajudá-lo quando ele lê sua pregação o que qualquer outra pessoa poderia fazer sem o auxílio do Espírito? O que o Espírito Santo tem a ver com essa atitude? De fato, ele pode ter tido algo que ver com a composição do manuscrito, mas no púlpito seu auxílio é supérfluo. O mais verdadeiro seria agradecer o Espírito pelo auxílio prestado e pedir que aquilo que nos capacitou, a pôr naquele papel que trazemos no bolso, possa agora entrar nos corações das pessoas. Ainda assim, se o Espírito Santo tivesse qualquer coisa para dizer às pessoas que não estivesse naquele pedaço de papel como poderá dizê-lo por meio de nós? Parece-me que ele efetivamente ficou bloqueado quanto à novidade da palavra falada por meio desse método utilizado. Contudo, não me cabe censurar, embora silenciosamente possa pedir liberdade no profetizar e ensejo para o Senhor nos dar naquela mesma hora o que falar. Depender do Espírito de Deus em nossos resultados Além disso, precisamos depender do Espírito de Deus em nossos resultados. Nenhum homem dentre nós realmente acha que poderia regenerar uma alma. Não somos tão tolos a ponto de reivindicar poder para mudar um coração de pedra. Talvez não ousemos presumir algo tão grandioso, contudo, podemos achar que, pela nossa experiência, podemos ajudar as pessoas a passar por suas dificuldades espirituais. Será que podemos? Podemos ter esperança que nosso entusiasmo mova a igreja viva diante de nós e empurre o mundo morto para trás de nós. Isso pode acontecer? Quem sabe, imaginamos que se pudéssemos apenas conseguir um avivamento, poderíamos facilmente assegurar um grande acréscimo à igreja? Vale à pena conseguir um avivamento? Os verdadeiros avivamentos não são presenteados? Podemos nos persuadir que tambores e trompetes e gritos farão muito. No entanto, meus irmãos, "o SENHOR não estava no vento" (1Rs 19.11). Resultados que valem à pena vêm daquele silencioso, mas onipotente Obreiro, cujo nome é o Espírito de Deus: nele, e somente nele, precisamos confiar para a conversão de uma única criança da escola dominical e para todo avivamento genuíno. Devemos olhar para ele para conservar nosso povo junto e edificá-los em um templo santo. O Espírito poderia dizer, assim como disse nosso Senhor: "Sem mim vocês não podem fazer coisa alguma" (Jo 15.5). O que é a igreja de Deus sem o Espírito Santo? O que seria o Hermom sem o orvalho ou o Egito sem o Nilo? Veja a terra de Canaã, quando a maldição de Elias caiu sobre ela, por três anos não sentiu orvalho nem chuva: assim seria o cristianismo sem o Espírito. O que os vales seriam sem seus córregos, ou as cidades sem seus poços, o que os campos de milho seriam sem o sol, ou a safra de vinho sem o verão--assim seriam nossas igrejas sem o Espírito. Como não podemos pensar no dia sem luz, na vida sem respiração, no céu sem Deus, também não podemos pensar no culto cristão sem o Espírito Santo. Nada pode substituí-lo: os pastos são um deserto, os campos frutíferos são áridos, o Sarom definha e o Carmelo é consumido pelo fogo. Bendito Espírito do Senhor, perdoa-nos por tê-lo desprezado, por tê-lo esquecido, por nosso orgulho auto-suficiente, por resistir a sua influência e apagar seu fogo! Daqui em diante opere em nós de acordo com sua excelência. Faça nosso coração ternamente impressionável, depois nos faça como cera para o sinete e estampe em nós a imagem do Filho de Deus. Com tal oração e confissão de fé, deixe-nos perseguir nosso objetivo no poder do bom Espírito de quem falamos. O que o Espírito Santo faz? Amado, que boa ação ele não faz? Ele desperta, convence, ilumina, limpa, guia, preserva, consola, confirma, aperfeiçoa e usa. Quanto pode ser dito de cada uma dessas ações! É ele quem opera em nós para o querer e o fazer. Ele que operou todas as coisas é Deus. Glória seja dada ao Espírito Santo por tudo que realizou em naturezas tão pobres e imperfeitas como a nossa! Nada podemos fazer à parte da seiva de vida que flui para nós de Jesus, a Videira. Aquilo que é de nós mesmos só serve para nos causar vergonha e confusão. Não damos um passo em direção ao céu sem o Espírito Santo. Não guiamos outros para o caminho do céu sem o Espírito Santo. Não temos nenhum pensamento aceitável, nem palavra, nem ato sem o Espírito Santo. Mesmo o levantar dos olhos e da esperança ou a oração exclamatória que exprime o desejo do coração deve ser obra dele. Todas as coisas boas, do começo ao fim, vêm dele e por meio dele. Não há risco de exagero aqui. Contudo, será que traduzimos essa convicção em nossa conduta atual? Em vez de me estender sobre o que o Espírito de Deus faz, deixe-me recorrer a sua experiência e fazer uma ou duas perguntas. Você lembra de ocasiões em que o Espírito de Deus esteve graciosamente presente, em plenitude de poder, com você e seu povo? Bons tempos aqueles! Aquele Dia do Senhor foi um dia elevado. Aqueles cultos pareciam com a adoração de Jacó quando disse: "Sem dúvida o SENHOR está neste lugar!". Que sinalização mútua há entre o pregador no Espírito e o povo no Espírito! Seus olhos parecem nos falar tanto quanto nossas línguas falam a eles. Nesse momento, eles são um povo muito diferente do que em ocasiões comuns: há até beleza em seus rostos enquanto glorificamos ao Senhor Jesus, e eles se deleitam e sorvem nosso testemunho. Você já viu um senhor da escola moderna apreciar a própria pregação? Nossos pregadores evangélicos estão muito felizes em pregar aquilo que nossos amigos liberais gostam de chamar de "seus chavões"; mas os modernos, em sua sabedoria, não sentem tal alegria. Você pensa que por trás do ardor com que nossos amigos galeses dizem "Tintim!" há um Decadente? Com que seriedade eles dissertam sobre a teoria Pós-Exílica! Lembram-me a expressão de Ruskin: "Turner não teve alegria com seu moinho". Admito, não há nada para se alegrar, e evidentemente eles ficam contentes em terminar sua tarefa de empilhar ossos descarnados. Eles estão em pé diante de uma manjedoura vazia, divertindo-se em ser sarcásticos em relação a essa manjedoura que é deles também. Terminam sua pregação e estão bastante entorpe-cidos, até que chegue a segunda-feira com alguma partida de futebol, ou um entretenimento na sala de aula ou uma reunião política. Para eles pregar é "trabalho", embora não se empenhem muito nesse trabalho. Os velhos pregadores e alguns daqueles que vivem hoje, chamados de "obsoletos", pensam no púlpito como um trono ou uma carruagem triunfal e que estão perto do céu quando são ajudados a pregar com poder. Pobres tolos que somos, pregando nosso evangelho "antiquado"! Nós gostamos da tarefa. Nossas doutrinas melancólicas nos fazem muito felizes. Estranho, não é? É claro que o evangelho é tutano e gordura para nós, e nossas crenças--embora, com certeza, sejam muito absurdas e nada filosóficas--nos satisfazem e nos deixam muito confiantes e felizes. Sobre alguns de meus irmãos, posso dizer que seus olhos parecem faiscar e suas almas brilhar, enquanto descortinam a graça gratuita e o amor vicário. Assim, irmãos, quando Deus está presente, nós e nossos ouvintes somos transportados em deleite celestial. E isso não é tudo. Quando o Espírito de Deus está presente, cada santo ama seu irmão santo, e não há disputa entre nós a não ser para ver quem é o mais amável. Portanto, a oração é lutar e prevalecer, e o ministério é semear boa semente e colher grandes braçadas. Assim, as conversões são numerosas, as restaurações abundantes e por toda parte são vistos avanços na graça. Aleluia! Com o Espírito de Deus vai tudo bem. Mas você conhece a condição oposta? Espero que não. É morte em vida. Espero que você nunca, em seus experimentos científicos, tenha sido suficientemente cruel para pôr um ratinho em uma bomba de ar e aos poucos exauri-lo. Eu li sobre esse experimento fatal. Pobre ratinho! À medida que o ar fica cada vez mais rarefeito seu sofrimento aumenta, e quando o ar acaba, ele cai morto. Você já não esteve em uma bomba de ar em que se sentiu exausto espiritualmente? Você só esteve ali o tempo suficiente para perceber que quanto mais cedo escapasse, melhor. Um dia desses, uma pessoa me disse: "Bem, quanto ao sermão que ouvi do divino pensador moderno não houve grande mal nele, porque nessa ocasião ele se manteve longe da falsa doutrina, mas toda a experiência foi intensamente fria. Senti-me como o homem que cai na fissura de uma geleira: confinado como se não pudesse respirar o ar do céu." Você conhece aquele frio ártico que ocasionalmente pode ser sentido mesmo quando a doutrina é sólida. Quando o Espírito de Deus se foi, mesmo a verdade se torna um iceberg. É terrível uma religião fria e sem vida! O Espírito Santo se foi, e levou toda energia e entusiasmo. A cena fica como aquela descrita no poema The Ancient Mariner [A balada do velho marinheiro], quando o navio estava em uma calmaria: O próprio abismo apodrecia... Como, ó Cristo, Aquilo foi se dar? Coisas viscosas e com pernas rastejavam Sobre o viscoso mar Dentro do navio tudo era morte. E já vimos isso na igreja. Sou tentado a usar os versos de Coleridge em relação ao muito que pode ser visto nessas igrejas que merecem o nome de congregações de mortos. O poeta descreve como os corpos dos mortos eram inspirados e o navio prosseguia, cada morto cumpria seu ofício de forma morta e formal: Manobra o Timoneiro, a nave se desloca, E sem nenhuma aragem; Os marujos se põem a trabalhar nas cordas, E tal como antes agem; Instrumentos sem vida tornam-se seus membros... Que tétrica equipagem! Faltava qualquer viva camaradagem, pois o velho marinheiro diz: Postado frente a mim, puxando a mesma corda, Era-me companhia, Joelho com joelho, o corpo de um sobrinho; Mas nada me dizia. Algo semelhante acontece naquelas congregações "respeitáveis" em que ninguém conhece ninguém e um digno isolamento toma o lugar de toda santa comunhão. Para o pregador, se ele é o único ser vivo na congregação, a igreja produz uma triste comunidade. Seus sermões caem em ouvidos moucos. Plácida a noite, era alta a lua; e vi reunidos os mortos nesse instante. Todos de pé lá no convés, que deveria Ossário se chamar; Todos em mim fixavam seu olhar de pedra, Que brilhava ao luar. Sim, o frio e melancólico luar do pregador, cai sobre faces que são semelhantes a essa luz. O discurso impressiona seus intelectos impassíveis e fixa seus olhos duros como pedra; exceto o coração! Bem, o coração não está em voga nessas paragens. O coração é para o reino da vida; mas sem o Espírito Santo o que as congregações conhecem da vida verdadeira? Se o Espírito Santo se foi, a morte reina, e a igreja é um sepulcro. Portanto, precisamos rogar que ele habite em nós, e não podemos descansar até que ele faça isso. Ó irmãos, que não seja eu quem fale com vocês sobre isso, para depois permitir que o assunto morra; mas que cada um de nós busque com o coração e a alma para que o poder do Espírito Santo habite em nós.
NOSSA FORÇA
NOSSA FORÇA